segunda-feira, 16 de março de 2009

"Chega de contos de fadas"


Os livros estão espalhados sobre a mesa, alguns entre abertos outros fechados. Mas a julgar pela bagunça, percebe-se que foram lidos, pelo menos alguns deles. Há muito ela acreditava que era uma "Gata Borralheira", a "Bela Adormecida" ou quem sabe a jovem "Rapunzel", pois atributos físicos não lhe faltavam. Mas com o passar dos tempos, conforme foi crescendo, descobriu que os sapos não viram príncipes e que estes não chegam em um lindo cavalo branco. Teria que se contentar se algum aparecesse .

Descobriu então, que no mundo real, não poderia contar com as fadas madrinhas, essas com certeza não viriam a seu socorro. Descobriu que crescer é dolorido, e que as aventuras do dia a dia são repletas de dificuldades, tristezas, dores e que teria que matar um dragão, um monstro que morava dentro dela.

Acabou por entender, que no mundo real nem sempre tudo tem um final feliz e que nem sempre o bem vence o mal, assim como o mau não vence o bom. Agora já sabe que aqui no mundo de verdade, fora e longe dos contos de fadas, também existem bruxas, apenas estão disfarçadas com outros nomes, como miséria, doença, maldade, tristeza e tantos outros, tantas outras caras feias e assustadoras.

Ela agora já sabe que existe um gigante que pode lhe causar dores tão profundas que não consegue mais disfarçar. Tem um lobo mau de boca bem grande, prontinho para devorá-la, espera apenas ela se aproximar da floresta, que aqui no mundo real mais parece uma selva. Quem dera ela pudesse viver na "Terra do Nunca", viajar com um pó mágico e viver para sempre num mundo encantado, sem complicação, sem problemas, onde tudo se resolve num piscar de olhos.

Não adianta mais bater os calcanhares, ela não vai voltar para casa, seus sapatinhos não são os do "Mágico de OZ". Acorda Alice, você não está no "País das Maravilhas".